Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

5 de fevereiro de 2015

Ariaguaguiar


Branco sempre detestei esse branco mas é tudo o que há camadas e mais camadas de branco vazio tédio praga sempre odiei essa cor de nada que agoniza ai que agonia fala ai sei lá mas espera tem uma alguma coisa esse branco nem parece removo a camada água? Quebrei o branco pensei mas como é possível quebrar o que não se diz? Tinha barulho de risada fazia cócegas na pele na alma e eu não sabia se ria e bebia e me rendia e enlouquecia ao encanto da água ou se fazia exatamente o oposto e saía correndo na direção contrária gritava chorava voltava pro branco morria qualquer coisa assim diária e o desespero ali o desespero não cessava eu parecia feito estátua branca oca parada mórbida mão estendida daquela maneira estúpida na direção da água sem me tocar tocava, e lia os pensamentos, entendia as inquietações. Qual foi meu espanto quando ao abrir a boca à fala, me invadiu a boca a água, fria engraçada quente, esquentou, acalentou, calou. Meu. Envolveu. Deu. Paz? Era paz? Ou era. Doce? Lento. Rouco. Água & ar. Louco. Até o branco virou. Pouco. Pouco diante daquele. Louco. Não largava mais minha. Boca. Louca. Nem eu sabe mais o quem eustou. Dois & um.