Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

21 de abril de 2011

NÃO MAIS QUE DE REPENTE


    A gente renova as musas, e o renovar das musas torna tudo ainda menos provável, ainda mais quebrável, ainda menor. Porque tocar uma musa é automaticamente transformá-la em uma mulher como outra qualquer e que, como mulher qualquer que é, no auge de sua efemeridade, curva-se aos teus pés implorando amor e piedade. Daí chega a hora de renovar a musa. E depois de novo, e de novo, e outra vez, eternamente, ou pelo menos até encontrar uma que se recuse a curvar, que simplesmente não se curve, e aí, pronto. Aí, então, é amor.