- Jamais deposite amor, esperança, felicidade ou possibilidades de futuro em um homem, porque ele tem pernas pra ir embora.
Como pode alguém amar o que só lhe faz mal? Conheço-me tanto que eu próprio não compreendo esse estado permanente de vício de solidão.
- Ou numa ave, que ela tem asas pra bater e se libertar.
E, acompanhante fiel da solidão, sempre o mesmo pensamento: aquele que fica, e que o faz porque veio silencioso, sem anúncios.
- Ou em qualquer outro animal, ser ou objeto que possa se mover ou ser movido – nele há muito, muito perigo.
Pensamentos como esse, uma vez tocado a mente, infiltram-se de tal forma que acabam tornando impossível voltar atrás, a qualquer momento anterior ao de sua concepção - planejada ou não.
- Deposite em si mesmo, que mesmo que corra não há de encontrar abrigo, ou num desenho qualquer em grafite – gravura ou palavra – a ser emoldurado em ferro ou pincelado de acrílico. Ou numa ocupação.
Torna impossível à vida ser vivida como antes dele aparecer.
- Que só assim se conservam, querido.
E mal se lhe tenha começado a transcrever, assim como aparece.
- Amor, esperança, felicidade e futuro.
Boom!, ele passa.
- Só assim não são em vão.
Como tudo, acho.
- Só assim não se vão.
Como essa frase, que com ele se acabou.
- Só assim.
Assim.