Engraçado como as coisas são: uma hora tá frio, na outra faz verão... e ainda aparece a chuva pra confundir de vez o suor do operário padrão. Será que a chuva apagou o sol?, e quando será que ele reacende? Ah, esse nosso ritual antigo de regar dia após dia este solo humoso e rancoroso da mente, que absorve o meu pranto e transforma a semente no vegetal mais frondoso do gosto da gente, no mais esperado gozo intergalacticocidental: a aventura genial de reproduzir ideias sem penetração, de promover sonhos a partir do fruto da desunião, de produzir frutos mesmo na mais seca estação. A arte inusitada de admitir não sermos mais os mesmos e desaprendermos a antiga fala, de consentir estes gestos esplendorosos cortando o ar certeiros como navalha - limpa e afiada - querendo dizer tudo, mas não dizendo nada; esta arte insensata de transformar carne em pão, vegetal em cão, doçura em navalha e dor em palavra. De que somos mestres. Não?