Fiz da palavra única companheira, que já não suporto mais os homens e suas pequenas manias corriqueiras. Sendo bem sincera, apenas não suporto, nem a mim nem a ninguém. Estou cercada por correntezas contínuas e suspeitas que não me deixam sair do lugar. Estou, eu mesma, contínua, suspeita e sufocada na imensidão deste mar sem fim que descortina ao meu redor arrancando toda pontada de desespero que poderia haver em mim. E no meio disso tudo, só sei de uma coisa que poderia me tirar desta maré de más sortes e desfortunas. É você, a quem grito ajuda, ajuda. Porque lhe preciso, porque não tenho força para nada além de gritar como quem não tem mesmo mais nada a perder, como quem não faz questão de ter voz na garganta se não houver você para dar asa às minhas incoerências e me fazer voar; joga a âncora que não tenho força para levantar, que só assim suporto qualquer maré alta, qualquer correnteza, qualquer lua cheia. Porque é você a quem grito ajuda, ajuda. E sei que já não preciso ter medo, se tiver você.