Pela primeira vez, não me importava se nossas histórias terminassem com finais felizes. Pela primeira vez, não tinha a intenção de gerar belas frases às custas de inflexões, traições e cicatrizes, eterna lenha de minha fogueira-palavra. Tudo o que eu queria era mais noites como aquela. Batidas ritmadas do coração seguindo as quebradas da orquestra; as palavras, tão puras, imanadas com a mais perfeita docura; a imperfeição de nós, o impossível, o doce, o eterno de nós, eu e você, você e eu, nessa tentativa falha de suprimir com explicações as lágrimas, por medo, dúvida ou culpa, deixando o essencial intocado pairando no ar estranhamente maduro e calmo que cercava nossas cabeças. Aquele, que respirávamos juntos pela primeira vez em muito. Aquele, que apimentava e ao mesmo tempo adocicava nosso momento presente, que hoje repasso mentalmente para que jamais me reabandone, para que não me abandones mais.
Ah, a vida é cheia desses breves momentos sublimes durante os quais pensamos: "Eu poderia morrer agora". Eu poderia ter morrido aquela noite. Mas não morri.