Depois de um tempo, entrou. Sentou-se ao meu lado. Pediu qualquer coisa, não me recordo. Vestia calças vermelhas ou azuis, ou talvez usasse um vestido. Amarelo ou branco, não me recordo. Ficou um tempo ali, como quem não quer nada. Ninguém a notava, exceto por mim, embora não a notasse assim tanto, só de vez em quando.
Depois de um tempo – não sei quanto, não me lembro – virou-se pra mim. Não foi rápido, foi mais assim, lentamente, como quem não quer nada, primeiro as pernas, depois o tronco e de repente estava ali, virada pra mim, inteiramente virada pra mim.
Olhou-me fundo nos olhos e disse:
- Você prefere amar ou ser amado?
Depois de um tempo – porque, é claro, a gente não responde a uma coisa dessas assim, rápido, até porque não é todo dia que uma estranha aparece e te pergunta uma coisa dessas, dessas, dessas que não se respondem assim, rápido. Compreende? Essas coisas levam tempo.
Depois de um tempo, respondi:
- Eu só quero sentir alguma coisa.
Nunca mais a vi.