Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

1 de novembro de 2009

Caia ou Corra, Pare ou Morra.


Tantas pessoas correndo e me deixando para trás, que pode ser pra cima ou para baixo. Penso que talvez não sejam elas que se movimentem: talvez eu esteja correndo, pra cima ou para baixo, deixando-as, e em partes a mim mesmo, para cima, para baixo e para trás. Analiso suas expressões de exímios corredores concentrados se concentrando em corredores apertados para olhar todos por um único buraco de janela, médio em relação a eles, pequeno em relação ao mundo e grande, muito grande, em relação aos grãos de areia que se chocam com meu corpo enquanto corro. Ou enquanto os observo correndo, concentrados em corredores apertados, se concentrando em expressões exímias de corredores tentando, obviamente, passar todos de uma só vez pelo único buraco existente naquela parede, onde, estrategicamente, se localiza uma janela de tamanho médio em relação à dita parede, grande em relação ao mundo (em relação a nós) e pequeno em relação aos grãos de areia (em relação a nós em relação a isso tudo).
Sei que os meios justificam os fins, pois somos tanto o meio quanto o nosso redor e o que está ao redor é o início do fim que antecede um próximo início e procede o meio, que nessa frase é inteiro e essencial. Ao redor e no meio, e em meio a tanta queda, estamos tanto correndo quanto sentados, estamos tanto caindo quanto fugindo, somos tanto fugitivos quanto culpados. Somos tão culpados que fugimos.
Você entendeu certo, isso tudo é uma bagunça.