Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

4 de outubro de 2009

Amadurecência.


Você chora enquanto bate na criancinha. A criancinha chora quando você bate na criancinha. E todo mundo adora quando você bate na criancinha. Seu membro enrijece com os berros da criancinha e todo mundo adora quando seu membro enrijece pelos berros da criancinha. Todo mundo adora quando você bate na criancinha e você bate no peito porque bate na criancinha. Seu membro enrijece quando você bate na criancinha porque todo mundo adora quando você bate na criancinha e a criancinha chora. E você chora quando bate na criancinha e você bate no peito porque bate na criancinha e chora. E todo mundo adora. E o seu membro enrijece quando você chora batendo na criancinha porque todo mundo adora quando você chora. A criancinha ora, ora. Você chora, chora. A criancinha chora, chora. E todo mundo adora. Você adora. Mas você chora.
Você chora enquanto bate na criancinha. A criancinha chora quando você bate na criancinha. Criancinha chora, chora. Você chora, chora. Todo mundo adora. Mas você chora. Seu membro enrijece e você chora. Você ouve os aplausos, e chora. Você bate no peito, e chora. Você bate, bate, e chora, chora. E todo mundo adora. Mas você chora. Os berros se misturam e você chora. A porta range, você sente o calor lá fora, e chora. Lágrima escorre e você chora. Lágrima desce, criança chora. Criança envelhece porque se demora. E chora, chora.
Você chora enquanto bate na criancinha e a criancinha chora quando você bate nela. Todo mundo adora e você chora. E todo mundo adora. Os berros cessam, enquanto você chora. Os aplausos cessam, e você chora. A multidão evapora e você chora, chora, chora.
Você chora. Criancinha chora, chora. Mas não demora.