Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

29 de agosto de 2009

Púlpito imaginário e você.


Não falo das árvores plantadas, regadas desde sementes, desde sempre, não. Não falo, tampouco, daquelas poupadas, cuja existência consiste na inocente ignorância do que foram, são e sempre serão: plantadas. Não. Falo de flores de asfalto. Falo pelas flores de asfalto. Pelas e para as flores do asfalto. Enquanto existirem flores no asfalto, haverá, meus senhores, esperança. Esperança para mim, que sou árvore, e para tu, árvore que és. Assim como para o resto dessa humanidade tão inodora, tão insípida e incolor.