Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

25 de março de 2009

Alegrias Violentas.

Deja vu constante e irreparável, esse meu. Acontece sempre que ando na rua e um olhar estranho cruza com o meu: desconfiança. E se repete em intervalos constantes, uma e outra vez, se tornando cada vez mais forte. A mente vai criando suas próprias imagens e realidades, inventando histórias para os milhares de seres sem nome, face ou orgulho. O que se esconde por trás daquele olhar de menina-moça? Quem é aquela pessoa que cruzou o seu caminho sem marcar hora? Será que guarda segredos? Será que tem um amor? Será que tem medos? Gosta de cachorros? Qual a sua cor preferida? Gosta de música? Gosta de ciência? Vai à praia? Gosta de acampar? Acompanha os Simpsons na tv? Os acha idiotas? Ignora sua existência? Ignoraria sua existência?
E tudo se passa, literalmente, num piscar de olhos. Por que mesmo me interessei? E continuo andando.
A cena se repete, a cena se inverte, milhões de vezes mais, até que...
Deja vu constante e irreparável, esse meu. Acontece sempre que ando na rua e o olhar de um estranho cruza com o meu: esperança? Não se repete nenhuma outra vez, se tornando cada vez mais forte. A mente vai criando suas próprias imagens e realidades, inventando nomes para aquela história sem face ou orgulho. O que se esconde por trás daquele olhar de menina-moça? Quem é aquela pessoa que cruzou o meu caminho sem marcar hora? Não compartilha segredos? Não aceita um amor? Por que tem medos? Tem cachorros? Gosta de rosa(s)? Essa será a nossa música? Tem ciência? Vamos a praia? Que tal acampar? Ver os Simpsons algum dia na tv? Me acha idiota? Ignora a minha existência? Ignoraria sua existência?
E, acredite, tudo passa em um piscar de olhos. Por que mesmo me interessei? Continuarei andando.
A cena se repete, a cena se inverte, milhões e milhões e milhões de vezes mais, até que...
O pulso acelera, já não se consegue respirar. Desespero, medo. Ajuda. Ajuda! Chama a polícia, a ambulância, o carro vermelho, FBI, ar, ar, urgente, AR!
Longa pausa seguida por saco preto e visita domiciliar. Adeus, amigo.
Deja vu constante e irreparável, esse meu, vivemos pela morte. Vivemos com a morte. Vivemos para a morte.
Desespero, medo. Dor.
E tantos tipos de morte.

“Estas alegrias violentas têm fins violentos.”

Fim!