Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

5 de novembro de 2008

These are my blues.

Eu rimo em prosa e falo em verso,
como em um discurso de um vigário submerso
que fala pouco, para falar bonito
e escala as pirâmides do Egito.

Eu rimo em prosa e falo em verso,
como nas crenças de um povo disperso,
que cultiva pasto e espera colher milho
e ignora as sábias canções do andarilho

Eu rimo em prosa e falo em verso,
pois como em todas as outras mentiras que há no universo,
a pirâmide cai,
a canção se destrai,
a prosa se vai
e só nos resta o verso...