Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

27 de dezembro de 2014

Cantinho


você,
seu jeitinho brando
abranda o afoito desse meu andar 
eu,
só pra admirar
guardei um quadradinho sem bagunça pro meu bem 
vem,
pode vir, meu bem
arrumei um cantinho da gaveta pra você
um cantinho sem poeira
uma notinha no caderno
um desleixo da memória
um hiato na história
uma desculpa na insônia 
pra você