Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

28 de abril de 2010

mais um lamento.


Essa ausencia dói mais do que qualquer coisa, porque não tem nome. Talvez eu nem soubesse que existia, se não doesse tanto, sempre. Às vezes a gente não percebe essa atração estranha que a linha oculta do horizonte que divide mar e céu de noite exerce sobre os nossos ossos, dentro dos próprios ossos, que congela tudo, paraliza tudo. Atrai os ossos, os olhos, o corpo inteiro. Ela grita "vem", mas você não pode vê-la. Ela grita "vem", e você não pode vê-la. Ela existe? Ela atrai. Ela chama. Ela grita "vem". Não vou. E essa ausencia dói mais do que qualquer outra coisa. Do que qualquer outra.