Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

5 de fevereiro de 2010

1564 - A Grande Marcha


o sol decide juntar-se a nós,
velar teu corpo,
relembrar tua voz,
acariciando-te a face
pra te manter serena,
gelada,
enquanto as borboletas vêm anunciar o fim do luto
e da Marcha.

somos soldados marchando a mesma Marcha
banda marcial da morte sem cor,
sem graça,
e cor de nada é verde, azul,
amarelo ou prata
ou branco
o branco...

ah, esse gosto amargo na boca de beijo não-selado
de historia inacabada
acabando

de que serves, paixão,
tu que sempre morres no final?
tudo sempre morre no final...

tentando transformar o que é silêncio em dor,
e o que é dor em culpa,
tudo sempre morre no final,
a gente,
a gente sempre morre no final
a gente sempre morre no final.

eu vi a cara da morte,
ela não estava viva
acho que o Poeta mentiu pra mim...