Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

1 de agosto de 2015

contramemória


a moldura vazia protege
o coração amargurado

imagem é esperança
que não existe mais

lente não captura desilusão
medo, tédio

a câmera registra o melhor do amor para jogar na sua cara depois
quando é consumido por ódio
quando vira mágoa
quando se transforma em nada

pena que até esse nada emoldurado
insiste em lembrar de você