Eu quero a palavra sutil que se infiltre lenta na superfície dos teus cabelos negros,
que te penetre os olhos e os ouvidos e depois, mais rapidamente, avance sobre a tua alma,
depois o fígado, o pâncreas e todos os demais órgãos vitais – quiçá até o coração -
para só então te tocar a mente, mas só então, tão e somente.

22 de março de 2011

TRISTEZA NÃO TEM FIM


De repente ninguém se importa mesmo
Com o meu cadáver estirado entre os outros sobre o chão
E me escondo como uma criança assustada
No fundo da mente da palma da mão
E de repente me sinto só como nos sonetos
E a parte mais profunda de mim apodrece de medo
No cômodo mais escuro da casa
E de repente a roupa não anula mais a alma
E sou tão eu que não suporto tamanha verdade desenlatada
Necessitando de companhia paga
Pra fazer companhia calada.
E por dentro, mais por dentro,
Por dentro desta alma tão fragilmente surrada
E solitária
Não vejo causa,
Não vejo saída,
Não vejo nada.

Mas de repente,
Não mais que de repente,
Tudo fica claro como o adeus
Ou uma estaca:
- Tristeza não tem fim,
E felicidade mata.
(Assim)